segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Escola dos Annales
Jacques Le Goff em seu texto “A História Nova” aponta caminhos que a Escola do Annales percorre para se manter entre os grandes escritos históricos de sua época. Os fundadores da Escola dos Annales Lucien Febvre e Marc Bloch buscam caminhos alternativos para fazer de ciência histórica uma história como ciência, no seu bojo, uma explicação profunda, passando por várias outras ciências tais como: economia, sociologia, geografia; a idéia é fazer da história como ciência e buscando a totalidade dos fatos. “(...) a história nova não se contenta com esses avanços. Ela afirma como história global, total, e reivindica a renovação de todo o campo da história.” (LE GOFF, p.34).
O desejo totalizador dessa história se encontra na antropologia histórica. A Escola dos Annales, segundo Le Goff, nasce para derrubar o conceito existente de filosofia da história, a idéia inicial de seus fundadores era de “tirar a história do marasmo da rotina” como acrescentou Lucien Febrve: ”derrubar as velhas paredes antiquadas, rotinas, erros de concepção e de compreensão”. Buscando admiração num historiador Henri Pirene que enfatiza “o método comparativo em história”, para Le Goff é mais do que natural que Pirene tem contribuído para a revista Escola dos Annales, tanto que Bloch em sua obra “Apologia da história ou o oficio do historiador” inspirado no método comparativo.
O assassinato de Henrique IV por Ravaillac, um fato? Se analisarmos, se o decompusermos em seus elementos, uns materiais, outros espirituais, resultado combinado de leis gerais, de circunstâncias próprias a cada individuo, conhecidos ou ignorados, que representam um papel na tragédia, quão rápido veremos dividir-se decompor-se dissociar-se um complexo emaranhado... Algo dado? Não, algo criado pelo historiador, quantas vezes? Algo inventado e construído, com ajuda de hipóteses e conjeturas, por um trabalho delicado e apaixonante.( LE GOFF, p. 42)
A história como totalidade, explicada no seu sentido e no sentido de várias outras variantes complementares. O conceito de “História Nova” está instalado e provocando críticas aos seus idealizadores.
Para Le Goff, a História Nova é um instrumento de pesquisa que inclui ou perpassa por outros meios elaborados que na fusão junto a outras ciências, customizando uma nova forma de pesquisar. Tudo em nome da ciência, não é o que Le Goff diz, mas o que podemos entender de uma História Nova com perspectivas e novos conceitos.
Dentre outras ciências a História Nova se apropria da economia para tentar entender a crise de 1929, ano de sua criação; na sociologia ela busca a relação entre a sociedade e o fato; na geografia seu objeto de estudo é a região e o espaço geográfico em que evidenciaram os fatos. Contudo, nem assim a História Nova parou de alfinetar os fatos e continuou na busca por outras ciências que auxiliasse em suas pesquisas. Foi na Antropologia que a História Nova conseguiu, talvez, a totalidade dos fatos, podendo analisar a cultura de cada acontecimento. Num momento em que a França perdia espaço para a Alemanha e a Itália, a Escola dos Annales tinha o propósito de promover o domínio. A sustentação de uma nova escola que abrisse caminhos para as ciências, que atribuiu à problemática histórica aos fatos.
Mais do nunca, os Annales querem fazer entender. Colocar os problemas da história: “proporcionar uma História não automática, mas problemáticas”. E mais do nunca, os problemas de uma história para o tempo presente, para nos permitir viver e compreender, “ num mundo de instabilidade definitiva”. (LE GOFF, p.44-45).
Para Le Goff, a Nova História aprimora os conceitos e inova na pesquisa, aproxima do passado do presente sem causar danos a nenhum deles, pelo contrário se apropria do presente para entender o passado, é apenas a ciência dos homens que pode “unir o estudo dos mortos com o dos vivos” reorganizando o tempo todo os acontecimentos sem cessar.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LE GOFF, Jacques. A História Nova. In. : Le Goff; Chartier; Revel. (Org.) A História Nova. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. P. 32-80.
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