terça-feira, 26 de novembro de 2013
SITUAÇÃO POLITICA NO II REINADO
O Brasil foi um dos países onde a prática da escravidão foi longa e sua abolição um processo de lutas e conquistas graduais. A formação da corrente abolicionista atraiu parte da elite da época que se reunia nos cafés e era influenciada pelas opiniões que chegavam da Europa, mas, além desses, uma parcela do povo menos letrado e sem oportunidade de acesso a escola acabou sendo ganha pelas críticas ao Imperador e ao regime vigente, isso foi possível através das charges que eram publicadas nas revistas que circularam no país no século XIX. As charges permitiam que os menos abastados tivessem contato com a opinião dos letrados e fossem se inserindo na luta pela abolição, onde cumpriram o papel de chegar a um público mais largo do que o que tinha acesso a escola tradicional. Logo, nosso trabalho estuda as charges publicadas na imprensa brasileira que circulava no Segundo Reinado do Império do Brasil (1840-1889). Essa fonte encontra-se arquivada no Senado Federal Brasileiro e, ao debruçarmos sobre os seus enunciados, pretendemos desenvolver uma narrativa a partir na perspectiva da civilização e educação. Buscamos, portanto, responder a seguinte pergunta: como as charges deram acesso ao ideário abolicionista a parcelas menos letradas ou não letradas da sociedade brasileira no Segundo Reinado do Império? Para tanto, faço um levantamento através de estudo de 26 exemplares da Revista Ilustrada, analisando o material ali contido, além de dados sobre a sua circulação. O corpus documental será utilizado para entender e relacionar as charges com certas minúcias daquele tempo, respondendo às questões levantadas na investigação sobre a influência desse material como instrumento educacional não oficial e informal. A análise interpretativa será realizada a partir da teoria elisiana, sob a qual repousa a idéia de processo civilizacional. A teoria de Norbert Elias nos ajudará a entender a gradual perda de poder da configuração da monarquia, bem como sua relação com as configurações escravocratas e abolicionistas. Os resultados parciais já apontam para a grande presença de charges na imprensa que circulava na época. Entre os diversos desenhistas em vários estados do país, tem relevância Ângelo Agostini, cujo material circulava em São Paulo e na capital federal, o Rio de Janeiro. Agostini cumpria papel crítico à política e, em particular, à figura do Imperador. As charges podem ser consideradas como fonte a ser utilizada para um melhor entendimento do período em questão, bem como para o estudo da influência das mesmas sobre certa parte da configuração imperial. Nossa pesquisa objetiva tratar a educação como algo que não se encerra na relação cotidiana entre docentes e discentes, assim como evidenciar seu caráter transformador, no que concerne à capacidade de, gradativamente, exercer influência, através de fontes alternativas como charges, sobre a opinião daqueles que eram a parte outsider do sistema oficial de ensino e da configuração de maior poder do Império.
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