terça-feira, 26 de novembro de 2013

SITUAÇÃO POLITICA NO II REINADO

O Brasil foi um dos países onde a prática da escravidão foi longa e sua abolição um processo de lutas e conquistas graduais. A formação da corrente abolicionista atraiu parte da elite da época que se reunia nos cafés e era influenciada pelas opiniões que chegavam da Europa, mas, além desses, uma parcela do povo menos letrado e sem oportunidade de acesso a escola acabou sendo ganha pelas críticas ao Imperador e ao regime vigente, isso foi possível através das charges que eram publicadas nas revistas que circularam no país no século XIX. As charges permitiam que os menos abastados tivessem contato com a opinião dos letrados e fossem se inserindo na luta pela abolição, onde cumpriram o papel de chegar a um público mais largo do que o que tinha acesso a escola tradicional. Logo, nosso trabalho estuda as charges publicadas na imprensa brasileira que circulava no Segundo Reinado do Império do Brasil (1840-1889). Essa fonte encontra-se arquivada no Senado Federal Brasileiro e, ao debruçarmos sobre os seus enunciados, pretendemos desenvolver uma narrativa a partir na perspectiva da civilização e educação. Buscamos, portanto, responder a seguinte pergunta: como as charges deram acesso ao ideário abolicionista a parcelas menos letradas ou não letradas da sociedade brasileira no Segundo Reinado do Império? Para tanto, faço um levantamento através de estudo de 26 exemplares da Revista Ilustrada, analisando o material ali contido, além de dados sobre a sua circulação. O corpus documental será utilizado para entender e relacionar as charges com certas minúcias daquele tempo, respondendo às questões levantadas na investigação sobre a influência desse material como instrumento educacional não oficial e informal. A análise interpretativa será realizada a partir da teoria elisiana, sob a qual repousa a idéia de processo civilizacional. A teoria de Norbert Elias nos ajudará a entender a gradual perda de poder da configuração da monarquia, bem como sua relação com as configurações escravocratas e abolicionistas. Os resultados parciais já apontam para a grande presença de charges na imprensa que circulava na época. Entre os diversos desenhistas em vários estados do país, tem relevância Ângelo Agostini, cujo material circulava em São Paulo e na capital federal, o Rio de Janeiro. Agostini cumpria papel crítico à política e, em particular, à figura do Imperador. As charges podem ser consideradas como fonte a ser utilizada para um melhor entendimento do período em questão, bem como para o estudo da influência das mesmas sobre certa parte da configuração imperial. Nossa pesquisa objetiva tratar a educação como algo que não se encerra na relação cotidiana entre docentes e discentes, assim como evidenciar seu caráter transformador, no que concerne à capacidade de, gradativamente, exercer influência, através de fontes alternativas como charges, sobre a opinião daqueles que eram a parte outsider do sistema oficial de ensino e da configuração de maior poder do Império.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

DOUTRINA TRUMAN

Doutrina Truman é o nome dado a uma política externa implantada durante o governo Truman e direcionada ao bloco de países capitalistas no período pré-Guerra Fria. Tal doutrina tinha como objetivo impedir a expansão do socialismo, especialmente em nações capitalistas consideradas frágeis. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa ficou destruída e enfraquecida política e economicamente, com isso emergiram duas potências mundiais, Estados Unidos e União Soviética, que representavam o capitalismo e o socialismo, respectivamente. Ao sair da Guerra, a União Soviética aspirava ampliar a atuação do socialismo, a começar pelo leste europeu. Ao perceber a expansão do socialismo, liderada pelos soviéticos, o britânico Winston Churchill começou a motivar todos os capitalistas a criarem estratégias com intuito de conter tal avanço. O governo norte-americano declarou apoio a essa iniciativa, o presidente Harry S. Truman, no dia 12 de março de 1947, proferiu diante do Congresso Nacional um agressivo discurso, afirmando que os países capitalistas deveriam se defender da ameaça socialista. A partir dessa declaração se consolidou a Doutrina Truman, e, para alguns estudiosos, começou a Guerra Fria, espalhando pelo mundo uma rivalidade entre capitalistas e socialistas. Uma das primeiras iniciativas norte-americanas foi de oferecer ajuda financeira para a reconstrução da Europa (por meio do plano Marshall), temendo que esse apoio pudesse vir dos soviéticos, o que significaria a implantação do socialismo na Europa Ocidental. O presidente norte-americano ofereceu empréstimos para Grécia e Turquia, desde que implantassem políticas a favor das nações ocidentais, ou seja, do capitalismo.

O QUE É O DESTINO MANIFESTO

A conquista da independência alcançada pelos Estados Unidos promoveu um notável processo de crescimento econômico e populacional. Mais do que isso, a vitória contra os antigos laços coloniais foi apenas o primeiro passo para que outras conquistas viessem a ser logo empreendidas por essa mesma população. Nesse contexto, observamos o expressivo alargamento das fronteiras da nação norte-americana rumo ao norte e ao sul de um imenso espaço inexplorado. A primeira das conquistas estabelecidas pelos Estados Unidos aconteceu em 1803, quando o governo negociou a compra da Louisiana junto aos franceses. Pouco tempo depois, no ano de 1819, o governo conseguiu adquirir a Flórida anteriormente controlada pelos espanhóis. Essa mesma política de compra territorial também aconteceu no Alasca – comprado dos russos em 1867, e na conquista do Oregon – região que anteriormente pertencia aos domínios do Império Britânico. No caso de conquista da região do Texas, os Estados Unidos tiveram que empreender uma guerra contra o México. Desde as primeiras décadas do século XIX, colonos norte-americanos se instalavam de forma ilegal ou consentida nos territórios texanos empreendendo formas autônomas de organização de suas áreas de influência. Com o passar do tempo, o não reconhecimento da autoridade política mexicana incitou os colonos daquela área a travarem uma guerra contra os mexicanos. A vitória contra os mexicanos aconteceu paralelamente ao processo de ocupação das terras a oeste. A busca e o controle dessas terras motivaram diversos colonos e imigrantes europeus a tentarem a sorte buscando um pedaço de terra onde poderiam alcançar uma vida mais próspera. É importante ressaltar que nessa corrida, um violento conflito contra as populações indígenas promoveu, décadas mais tarde, as famosas histórias que marcaram os filmes de faroeste. Contudo, mesmo sendo marcada pela violência e pelas guerras, a expansão dos Estados Unidos até o extremo oeste recebeu uma significativa justificação ideológica, a doutrina do Destino Manifesto, que colocou os colonos norte-americanos como divinamente destinados a promover a conquista dessas novas terras. A ambição e o interesse econômico ganharam um arrebatador apelo religioso que legitimava os conflitos e massacres que marcaram esse episódio na história norte-americana. Todas essas conquistas territoriais foram de fundamental importância para que os Estados Unidos acelerassem o seu processo de desenvolvimento agrícola e industrial. No setor agrário, o país conseguiu ampliar sua produção de trigo, milho e algodão. Além disso, a criação de ovinos, suínos e bovinos significou outra frente de fortalecimento da pecuária estadunidense. Na indústria, o crescimento dos mercados consumidores e o investimento em infra-estrutura dinamizaram a economia nacional. Os ganhos alcançados por meio de tantas conquistas foram a prova fundamental que comprovava a doutrina do Destino Manifesto. Com isso, essa sociedade mobilizada em torno do objetivo de conquistar terras construiu uma auto-imagem de uma nação eleita por Deus para civilizar novas terras e prosperar economicamente. Dessa forma, estavam estabelecidas as condições e o sentimento que transformaram as antigas Treze Colônias em uma grande potência mundial.

EXPANSÃO AMERICANA I

VOTO E CIDADANIA

Somente nos períodos eleitorais os brasileiros são alertados, incentivados e enaltecidos sobre o exercício do voto. Esse patriotismo sazonal começa pela própria Justiça Eleitoral a convocar todos a votar. Faz referência ao exercício do voto limpo, alerta para não votar nulo nem em branco, o que representa a posição da Justiça Eleitoral e torna Bsua interferência tendenciosa. Todo eleitor maior de 18 anos e com menos de 70 é obrigado a votar. Se não comparecer na votação paga multa ou justifica a ausência. Compete somente a ele avaliar se algum partido ou candidato é merecedor da sua confiança, do seu voto. Proporcionalmente, também é livre para anular ou votar em branco, já que ambos têm o mesmo efeito jurídico e são legalmente possíveis. Nem mesmo a Justiça Eleitoral esclarece que o valor da multa é de R$ 3,50 em média por turno e supre todos os efeitos do voto. Menos o de escolher alguém, como parece óbvio. Apelos motivacionais vêm de todos os lados. Imprensa, partidos e candidatos fazem de tudo para levar o cidadão a mostrar sua "consciência política" para apertar uma tecla a favor de um concorrente. Passadas as eleições, ninguém lembra que a politização cobrada no período eleitoral deveria ser adquirida anteriormente. Um cidadão comum não exerce atividade partidária. Nem ele procura nem os partidos se fazem presentes e nem uma palavra na mídia. Ninguém sabe de alguma coisa feita por um partido, além de apresentar candidatos aos cargos eletivos. Não sabem sequer onde ficam as sedes, muito menos as ideologias defendidas, considerando o conceito histórico, já que hoje impera o fisiologismo geral, camuflado por sinônimos como governabilidade, coligações e maior horário eleitoral na TV. Mas a questão aqui é o exagero com que a maioria dos formadores de opinião restringe cidadania, politização e voto consciente apenas ao ato de votar. Não, definitivamente não! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. José Afonso da Silva, o papa dos constitucionalistas, lidera uma corrente teórica de que o voto é facultativo, pois a obrigação se limita ao comparecimento às urnas, mas dentro dela a pessoa é livre para votar em quem preferir. Dispensa comentário, pois se a pessoa fosse obrigada a votar em alguém poderia ser qualquer outra coisa, menos uma eleição. Nenhuma entidade fomenta a participação popular fora do período eleitoral. Nem a Ordem dos Advogados do Brasil nem a União Nacional dos estudantes e nenhuma igreja. Cada uma se defende sob o argumento de que tem outras atribuições. Ao menos em momentos curtos essa participação poderia ser incentivada, despertada, cobrada. Por exemplo, em datas comemorativas como num da Independência do Brasil, desfile de Sete de Setembro; nos aniversários comemorativos da Proclamação da república, XV de Novembro, do Dia de Tiradentes, Dia do Trabalhador e da Mulher. Os defensores da obrigatoriedade tomam como base um comparecimento maior às urnas, o que legitimaria um pouco mais os eleitos. Essa posição pode camuflar outros interesses. Mesmo cem por cento de comparecimento obrigatório não representa legitimidade. Grande parte dos renomados e dos formadores de opinião defende a obrigatoriedade devido à despolitização do eleitor brasileiro. Ninguém cita uma única iniciativa para politizá-lo, até porque não existe mesmo. O Brasil caminha para ser o último a extinguir o voto obrigatório. Em si, o voto obrigatório já é uma contradição numa democracia. Um eleitor que deixar apenas de votar no Brasil democrático, por não poder tirar passaporte, fica impossibilitado de entrar na autoritária Venezuela, onde o voto é facultativo e o comparecimento na última eleição foi maior do que nas obrigatórias eleições municipais brasileiras. Voto é só um dos elementos da cidadania e de democracia, e apenas se não for obrigatório.

EXPANSÃO TERRITORIAL AMERICANA NO SECULO XIX

Entende-se como a expansão territorial dos EUA aquele período que se estende praticamente durante todo o século XIX, onde o país aumenta de modo extraordinário as suas fronteiras, chegando ao fim do mesmo período com praticamente as dimensões continentais que hoje possui. Inicialmente constituído por treze estados alinhados ao longo da costa leste da América do norte, a jovem nação constituía um pequeno país, estendendo-se do Maine à Flórida e horizontalmente entre a costa do Atlântico e o rio Mississipi. Esta pequena nação, porém, logo desenvolve uma filosofia em trono do expansionismo. Tal filosofia concentrava-se em torno da crença de que os habitantes das ex-colônias britânicas haviam sido escolhidos por Deus para exercer uma liderança mundial, sendo que nada nem ninguém poderia impedir este destino. E é assim que ficou conhecida esta filosofia, denominada Doutrina do Destino Manifesto, que serviu de impulso para que os norte-americanos saíssem de suas fronteiras, indo ocupar o vasto e quase inexplorado oeste. A expansão territorial se deu basicamente de quatro formas: 1 - Compra de territórios - foi por este formato de expansão territorial que se deu os primeiros importantes avanços na linha fronteiriça norte-americana, com a compra da Luisiana à França de Napoleão Bonaparte em 1804 e a compra da Flórida em 1819 aos espanhóis. Importante lembrar que os 15 milhões de dólares gastos pelos EUA na compra do território denominado Luisiana à época fazia referência a uma faixa territorial muito maior que o atual estado da Luisiana, que se estendia do Golfo do México às fronteiras com o Canadá britânico. 2 - Diplomacia - é exemplo deste formato de expansão a anexação do Óregon aos ingleses, em 1846, a partir de compensações de natureza diversas pelo direito de soberania ao território. 3 - Guerra - nesta categoria, o México foi a maior vítima do expansionismo norte-americano, pois perdeu parte considerável de seu território original. Inicialmente, os colonos norte-americanos estabelecidos no Texas declararam a independência deste, logo depois aceitando sua incorporação aos Estados Unidos. Os conflitos iniciados com a ocupação de colonos dos EUA em várias partes de território pertencente ao México chegaria ao fim somente em 1845, através do tratado de Guadalupe-Hidalgo, que estabelecia a fronteira entre México e Texas, além de ceder aos norte-americanos as atuais Califórnia, Arizona, Novo México, Nevada, Utah e parte do Colorado por meio de uma indenização de 15 milhões de dólares. 4 - Guerra contra as nações indígenas - em sua marcha para o Oeste, expandindo o território dos EUA, era imprescindível aos colonos que "pacificassem" os povos indígenas estabelecidos ao longo de todos os novos territórios, ocupando suas terras efetivamente. Provavelmente foram os povos indígenas aqueles que mais perderam com a filosofia do Destino Manifesto, sendo muitos deles exterminados, outros depararam-se com uma quase-extinção, outros acabaram assimilados aos dominadores. Os Estados Unidos continuariam sua expansão durante o século XX, mas agora adquirindo territórios ultramarinos, espécie de "neo-colônias", como por exemplo Cuba, Porto Rico, Filipinas, a Samoa Americana ou as ilhas Marianas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EUA no Século XIX

A primeira metade do século XIX na História dos EUA foi marcada pela conquista de territórios em direção ao Oceano Pacífico, conhecida como "a marcha para o Oeste". A população passou de 3.900.000 em 1790 para 7.200.000 em 1810, compondo uma sociedade essencialmente agrária, formada por granjas no Nordeste e grandes latifúndios exportadores no Sudeste. Fatores da Expansão: Vários fatores são colocados para explicar essa expansão, vejamos a seguir. A imigração nesse período foi muito intensa, vinda principalmente da Alemanha, Irlanda e Inglaterra, sendo que os motivos para esse deslocamento está ligado a dificuldades financeiras pelas quais a população europeias passava, os camponeses eram expulsos da terra devido à concentração fundiária e os artesãos não conseguiam empregos devido à mecanização industrial nas cidades. No início do século XIX a população norte-americana passava a contar com cerca de sete milhões de habitantes. Esse crescimento demográfico e a pequena área do país contribuíram para que se pretendesse ocupar terras a Oeste, em razão da necessidade de aumentar a produção agrícola e a área destinada aos rebanhos. A Economia dos EUA no Século XIX: A partir da segunda metade do século XIX a pecuária chegou a ocupar um quarto do território americano, em terras que se estendiam do Texas ao Canadá. A descoberta de ouro na Califórnia, em 1848, estimulou uma corrida em busca de "riqueza fácil", incentivando o deslocamento populacional. Além disso, a construção de ferrovias, iniciada em 1829, barateava o transporte. Em fins do século XIX a quantidade de quilômetros de linhas férreas nos Estados Unidos era maior que a soma de todos os países europeus. Em 1890, a ferrovia ligava a Costa do Atlântico ao Pacífico. a expansão para o Oeste foi justificada pela doutrina do "Destino Manifesto", que pregava serem os norte-americanos destinados por Deus a conquistar e ocupar os territórios situados entre o Atlântico e o Pacífico. Em 1820, a expansão norte-americana ganha um conteúdo politizado com a Doutrina Monroe, que inicialmente colocou-se como defensora das recém-independentes nações latino-americanas ao pronunciar "a América para os americanos", mas conforme os interesses territoriais dos Estados Unidos foram ampliando-se em direção ao Oeste e ao Sul, a Doutrina seria mais bem definida pela frase "a América para os norte-americanos". Leis sobre terras: Anterior à independência, os colonos americanos já cobiçavam terras a Oeste. Um dos motivos que levou ao início da luta contra os ingleses foi a Lei de Quebec - parte das Leis Intoleráveis, 1774 -, que proibia a ocupação de terras entre os Apaches e o Mississipi pelos colonos. Após a independência foi elaborada, pela Convenção da Filadélfia, a Lei Noroeste (1787), que estabeleceu as bases para a ocupação das terras a Oeste e a integração dos novos territórios surgidos à União - ao definir que, quando a população atingisse 5.000 habitantes do sexo masculino em idade de votar, poderia organizar um Legislativo bicameral e passaria a ter o direito de um representante no Congresso, sem direito a voto; caso constituísse uma população livre de 60.000 habitantes, o território seria incorporado à União como Estado. As grandes Companhias Loteadoras incorporaram essas terras e passaram a comercializá-las junto aos pioneiros por um preço bem reduzido (aproximadamente 2 dólares por hectare). Os pioneiros eram granjeiros, caçadores ou grandes latifundiários sulistas que estavam interessados em expandir a cultura algodoeira ou seu rebanho. A postura do governo norte-americano foi de incentivo à ocupação e, em 1862, o governo Lincoln concedia terras gratuitamente através do Homestead Act - 160 acres a todos aqueles que a cultivassem durante cinco anos. Mecanismos de Conquista a) Compra de Territórios Pelo Tratado de Versalhes, 1783, firmado com a Inglaterra, o território dos Estados Unidos abrangia da Costa do Atlântico até o Mississipi. No século XIX, essa realidade se altera consideravelmente. Em direção ao Oeste aparece o território da Louisiana, colônia francesa, que Napoleão Bonaparte - devido às guerras na Europa e Antilhas, Haiti - negociou com os norte-americanos por 15 milhões de dólares (1803). A Flórida foi comprada dos espanhóis, em 1819, por cinco milhões de dólares. A Rússia vendeu o Alasca aos Estados Unidos por sete milhões de dólares. b) Diplomacia A anexação de Óregon - Noroeste -, colônia inglesa, região que despertou pouco interesse até 1841, foi cedida aos americanos em 1846. c) Guerra O Sudoeste americano pertencia ao México. A conquista desse território ocorreu através da guerra. Em 1821, os colonos americanos passaram a colonizar esse território com autorização do governo mexicano, que exigiu-lhes a lealdade e a adoção da religião católica por parte dos pioneiros. A dificuldade encontrada pelo México na consolidação do Estado Nacional refletiu-se em conflitos internos e no estabelecimento de ditaduras, como a de Lópes de Sant'Anna. Esses fatos impediram um efetivo controle sobre essa região, outrora concedida. Dessa maneira, o Texas estava fadado a compor os Estados Unidos, o que ocorreu em 1845, quando os colonos norte-americanos ali estabelecidos declararam a independência do território em relação ao México e a sua incorporação aos Estados Unidos. A guerra estendeu-se até 1848, quando foi assinado o Tratado de Guadalupe-Hidalgo, que estabelecia o Rio Grande como linha fronteiriça entre o México e o Texas, além da cessão da Califórnia, Arizona, Novo México, Nevada, Utah e parte do Colorado aos Estados Unidos, por 15 milhões de dólares. Em 1853, foi completada a anexação de territórios do México com a incorporação de Gadsden. Metade do território mexicano havia sido perdida para os Estados Unidos. Lázaro Cárdenas, presidente mexicano (1934-1940), em relação ao imperialismo norte-americano comentou: "Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos". d) A guerra de extermínio contra os indígenas As maiores vítimas da marcha para o Oeste foram os indígenas. Estes encontravam-se em estágios de pouco desenvolvimento se comparados aos astecas, maias e incas, daí sua dificuldade para resistir ao domínio e força dos brancos europeus. Os norte-americanos acreditavam que, além de serem os predestinados por Deus a ocuparem todo o território, deveriam cumprir a missão de civilizar outros povos. Nesse sentido, contribuíram decisivamente para o extermínio da cultura e da pessoa física do indígena. As tribos do Sul, mais desenvolvidas, proporcionam uma resistência maior à ocupação do branco. No entanto, a única opção das tribos indígenas foi a ocupação de terras inférteis em direção ao Pacífico, até o seu extermínio. De acordo com o "herói" americano, o general Armstrong Custer, considerado como o "grande matador de índios", "o único índio bom é um índio morto". A política no processo de Expansão Em 1789, foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, que governou o país durante dois quatriênios. Nesse período, dois grupos políticos disputavam o poder: o Partido Federalista e o Partido Republicano Democrático, liderados respectivamente por Alexander Hamilton e Thomas Jefferson, secretários do Tesouro e do Estado, ligados ao governo de George Washington. O Partido Federalista defendia um governo com poder centralizado, representando os interesses dos grandes comerciantes, manufatureiros e financistas. O Partido Republicano Democrático defendia um governo descentralizado, ou seja, uma maior autonomia para os Estados, como também, uma maior participação popular nas eleições - eram simpáticos aos ideais da Revolução Francesa e representavam os interesses dos pequenos proprietários. O governo de Andrew Jackson (1829-1837, na foto ao lado) foi marcado pela mudança de orientação política. Ligado ao recém-criado Partido Democrático, defendia os interesses dos grandes fazendeiros do Oeste e operários do Norte. Durante sua gestão foram realizados expurgos de elementos que pertenciam a governos anteriores, processo que ficou conhecido como "sistema de despojos" (Spoil System). Consequências da Expansão A conquista de um vasto território criou condições para o grande desenvolvimento da economia norte-americana. Em 1912 conclui-se o processo de formação da União, com a incorporação do Arizona como Estado. Foi acentuado o crescimento da agricultura, indústria, comércio, mineração e pecuária. A população cresceu para cerca de trinta milhões até 1860. Formaram sociedades diferenciadas dentro do país. a Norte e Leste, surgiu uma poderosa burguesia industrial e comercial, juntamente com um operariado fabril; ao Sul, predominavam os grandes aristocratas vinculados ao latifúndio, à monocultura, à exportação e à escravidão; na região Centro - Oeste, nasceu a sociedade a partir dos pioneiros, marcada pela base agrícola e pela pecuária. No entanto, aumentou a rivalidade entre os interesses díspares de nortistas e sulistas, o que culminou mais tarde em uma guerra civil. A Guerra de Secessão A primeira metade do século XIX marca a primeira fase do processo de industrialização norte-americana. Ocorreu no Norte, sobretudo na região da Nova Inglaterra, sobre uma base vinda do Período Colonial. Em meados do século, o Norte, ou mais precisamente, o Nordeste era o polo econômico vital da economia. Esse desenvolvimento foi favorecido por ocasião das Guerras Napoleônicas e pela Segunda Guerra de Independência (1812-14), já que as importações diminuíram e o mercado lnterno passou a consumir as manufaturas locais. Essa incipiente indústria, por volta de 1810, beneficiou-se também de grande disponibilidade de ferro, carvão e energia hidráulica da Região Norte. O mesmo processo não atingiu a Região Sudeste, que permanecia com uma economia marcadamente colonial, cuja produção ainda se fazia no interior da grande propriedade monocultora, voltada para o mercado externo e baseada na exploração do trabalho escravo. Enquanto no Norte-Nordeste formava-se uma sociedade tipicamente industrial, dominada por uma forte burguesia, no Sul-Sudeste, a sociedade permanecia como que inalterada desde o Período Colonial. Nos Estados Unidos, na realidade, abrigavam-se duas nações distintas - o Norte-Nordeste e o Sul-Sudeste - e do antagonismo entre os interesses o país passará por uma guerra civil, a Guerra de Secessão. Fatores da Guerra de Secessão a) Desenvolvimento do Norte: O protecionismo alfandegário foi, certamente, fundamental para a eclosão da Guerra Civil Americana. Os Estados do Norte, em processo de industrialização, reivindicavam altas tarifas de importação como mecanismo de manutenção de seu desenvolvimento, pois não conseguiam competir com os preços dos produtos ingleses. O Sul, por outro lado, dependia economicamente do Norte, exportando para lá parte de sua produção algodoeira e importando manufatura. Para sua sobrevivência defendia a liberdade de comércio, preferindo importar as manufaturados inglesas, de melhor qualidade e mais baratas do que as produzidas pelos Estados do Norte. Além desse fato, os industriais ingleses poderiam deixar de comprar sua produção, caso optassem por dar apoio às propostas protecionistas dos industriais do Norte. b) O Problema do escravismo: O problema da manutenção do escravismo encontrou seu campo de discussão, no nível político no Congresso, que, ao sintetizar as disputas políticas pela salvaguarda de interesses econômicos nortistas e sulistas, se dividiu entre abolicionistas e escravistas. Com o processo de expansão para o Oeste e a incorporação de novos Estados à União, as disputas acirraram-se em torno da questão abolicionista. Ao Sul interessava que fosse livre a adoção do escravismo - assim o preço do escravo manter-se-ia elevado. O Norte defendia o abolicionismo em razão de pretender o crescimento do mercado consumidor e, ao mesmo tempo, obter mão-de-obra barata. Em 1820 o Missouri solicitou sua integração à União, gerando uma série de conflitos, pois a balança política passou a pender a favor dos sulistas. Esses atritos levaram a se firmar o Acordo do Mississipi-Missouri, em 1820, que arbitrou a questão estabelecendo a incorporação do Missouri - Estado escravista - e a incorporação do Maine - Estado com mão-de-obra livre. O ponto de referência seria o paralelo 36 30', separando o trabalho livre (Norte) e o trabalho escravo (Sul). A incorporação da Califórnia, em 1849, como Estado livre, não obstante estar abaixo do paralelo 36 40', contribuiu para acirrar a polêmica, pois pelo Compromisso do Mississipi-Missouri, a Califórnia deveria ser escravista. Um novo acordo foi firmado em 1850, o Compromisso Clay, definindo que caberia a cada Estado decidir sobre a continuidade ou não do escravismo. Em 1860, o Norte lança a candidatura de Abrahan Lincoln para a presidência. Lincoln, em relação ao escravismo tinha posições moderadas. Considerava que manter a União era mais importante do que a questão social dos negros. Depois de eleito chegou a pronunciar-se sobre a questão nos se guintes termos: "se pudesse salvar a União sem libertar nenhum escravo, eu o faria. Se pudesse salvar a União libertando os escravos,eu o faria". A Questão Política: Desde a independência norte-americana coube aos grandes proprietários rurais sulistas e à burguesia nortista, através do Partido Democrata, o controle da vida política nacional. Em 1854, foi criado no Norte, o Partido Republicano, que continha em seu programa a intenção de lutar a favor do abolicionismo e manter a União, propostas que atraíram muitos políticos do Partido Democrata. As eleições presidenciais de 1860, extremamente tensas, encontraram o Partido Democrata dividido em torno de dois candidatos, John Breckinridge e Stephen Douglas. O Partido Republicano uniu-se em torno da candidatura de Lincoln. O Partido da União Constitucional lançou um quarto candidato, John Bell. Lincoln vence o pleito e esse fato desencadeia a secessão. A Eclosão da Guerra: Logo após a eleição de Lincoln, e não esperando a posse do presidente, a Carolina do Sul resolveu separar-se da União, arrastando consigo mais seis Estados. Formaram os Estados Confederados da América, sob a presidência de Jefferson Davis em 8 de fevereiro de 1861, com capital em Richmond, Virgínia. As hostilidades começaram com o ataque da artilharia confederada, no dia 12 de abril de 1861, ao Forte Sumter, uma guarnição federal. Inicialmente as vitórias pertenceram aos sulistas. Mas, a correlação de forças foi tornando-se extremamente desigual à medida que se desenrolavam as batalhas. O Norte contava com o apoio de 25 Estados, uma população de cerca de 22 milhões de habitantes, uma economia industrial diversificada e uma marinha de guerra. O Sul obteve o apoio de 11 Estados, uma população de 9 milhões de habitantes, dos quais 4 milhões eram escravos, uma economia de base agrária o que o fez dependente de recursos exteriores para o desenvolvimento da guerra. Durante os confrontos, Lincoln, para fortalecer os Estados Nortistas, extinguiu a escravidão e promulgou o Homestead Act, l862, - garantindo o apoio dos granjeiros e pioneiros interessados nas terras a Oeste. Ex-escravos, colonos e operários se incorporaram ao Exército da União, o que começou a reverter a guerra em favor do Norte, que passou a impedir a chegada de produtos europeus ao Sul, através de um bloqueio naval. Em 6 de abril de 1865, o general Lee, comandante das tropas sulistas, pede os termos de rendição. As consequências da Guerra de Secessão: A vitória do Norte sobre o Sul decidiu definitivamente a questão da unidade nacional pelo fortalecimento da União. A sociedade urbana e industrial do Norte prevaleceu sobre a federação arrasando a sociedade agrária e aristocrática do Sul. A grande propriedade cedeu lugar às pequenas e médias. O escravismo foi suprimido, mas não encaminhou para uma solução da "questão negra"; apesar do direito de voto concedido, os negros continuaram marginalizados. Intensificaram-se as atitudes racistas com o surgimento de sociedades como a Ku-Klux-Klan, nascida em 1867. Os mortos somaram 600.000. Em 14 de abril de 1865, Lincoln foi assassinado por John Wilkes Booth, um fanático do Sul. Os Estados Unidos começavam a despontar como potência dentro da América.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Significado de Socialismo

Socialismo é uma doutrina política e econômica que surgiu no final do século XVIII e se caracteriza pela ideia de transformação da sociedade através da distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo a distância entre ricos e pobres. Noël Babeuf foi o primeiro pensador que apresentou propostas socialistas sem fundamentação teológica e utópica como alternativa política. Karl Marx, um dos principais filósofos do movimento, afirmava que o socialismo seria alcançado a partir de uma reforma social, com luta de classes e revolução do proletariado, pois no sistema socialista não deveria haver classes sociais nem propriedade privada. Todos os bens e propriedades particulares seriam de todas as pessoas e haveria repartição do trabalho comum e dos objetos de consumo, eliminando as diferenças econômicas entre os indivíduos. O sistema socialista é oposto ao capitalismo, cujo sistema se baseia na propriedade privada dos meios de produção e no mercado liberal, concentrando a riqueza em poucos. A origem do socialismo tem raízes intelectuais e surgiu como resposta aos movimentos políticos da classe trabalhadora e às críticas aos efeitos da Revolução Industrial (capitalismo industrial). Na teoria marxista, o socialismo representava a fase intermediária entre o fim do capitalismo e a implantação do comunismo. O socialismo sugeria uma reforma gradual da sociedade capitalista, demarcando-se do comunismo, que era mais radical e defendia o fim do sistema capitalista e queda da burguesia através de uma revolução armada. O socialismo utópico foi uma corrente de pensamento criada por Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier. De acordo com os socialistas utópicos, o sistema socialista se instalaria de forma branda e gradativa. O nome socialismo utópico surgiu graças à obra "Utopia" de Thomas More, sendo que a utopia é referente a algo que não existe ou não pode ser alcançado. Os primeiros socialistas, que foram os utópicos, tinham em mente a construção de uma sociedade ideal, através de meios pacíficos e da boa vontade da burguesia. Karl Marx se distanciou do conceito de socialismo utópico, visto que de acordo com essa corrente a fórmula para alcançar a igualdade na sociedade não era discutida. O oposto do socialismo utópico é o socialismo científico, que criticava o utópico porque este não tinha em conta as raízes do capitalismo. Karl Marx classificava os métodos dos utópicos de "burgueses", porque eles se baseavam na transformação súbita na consciência dos indivíduos das classes dominantes, acreditando que só assim se alcançaria o objetivo do socialismo. O socialismo científico, criado por Karl Marx e Friedrich Engels, era um sistema ou teoria que tinha como base a análise crítica e científica do capitalismo. O socialismo científico, também conhecido como marxismo, se opunha ao socialismo utópico, porque não tinha a intenção de criar uma sociedade ideal. Tinha sim o propósito de entender o capitalismo e suas origens, o acumular prévio de capital, a consolidação da produção capitalista e as contradições existentes no capitalismo. Os marxistas anunciaram que o capitalismo eventualmente seria ultrapassado e chegaria ao fim. O socialismo marxista tinha como fundamento teórico a luta de classes, a revolução proletária, o materialismo dialético e histórico, a teoria da evolução socialista e a doutrina da mais-valia. Ao contrário do socialismo utópico e sua pacificidade, o socialismo científico previa melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores através de uma revolução proletária e da luta armada. De acordo com o marxismo, uma sociedade baseada no capitalismo era dividida em duas classes sociais: os exploradores (donos dos meios de produção, das fábricas, das terras), pertencentes à burguesia, ou seja, os burgueses; e os explorados (aqueles que não tinham posses e tinha que se sujeitar aos outros). Esse duelo entre as classes, é aquilo que transforma e propele a história. Socialismo real é uma expressão que designa os países socialistas que preconizam a titularidade pública dos meios de produção. No século XX, as ideias socialistas foram adotadas por alguns países, como: União Soviética (atual Rússia), China, Cuba e Alemanha Oriental. Porém, em alguns casos, revelou-se um sistema comunista constituído por regimes autoritários e extremamente violentos. Esse socialismo é também conhecido como socialismo real - um socialismo colocado em prática, que causou uma deturpação semântica do "socialismo", levando assim a esses regimes que demonstraram desrespeito pela vida humana.

A TEORIA DO MAIS VALIA

No século XIX, o desenvolvimento da economia capitalista foi capaz de determinar uma curiosa situação. Mesmo produzindo riquezas em um patamar astronômico, o capitalismo ainda estava cercado por desigualdades que indicavam a diferença social e econômica das classes burguesa e operária. Com isso, observamos que muitos intelectuais responderam a essa contradição com explicações ou propostas que resolveriam tal discrepância. Entre esses intelectuais, o filósofo alemão Karl Marx apontou que esse abismo socioeconômico poderia ser explicado pela teoria da mais-valia. Segundo esse pensador, a miséria se perpetuava no mundo capitalista mediante os baixos salários oferecidos aos operários como um todo. Mais do que uma simples opção, o baixo salário era parte integrante dos instrumentos que garantiam os lucros almejados pela empresa. Sendo assim, Marx indicou que o salário destinado a um trabalhador poderia ser pago com as riquezas que ele produz, por exemplo, ao longo de dez dias de um mês. Contudo, segundo o contrato de trabalho, o operário seria obrigado a cumprir os demais vinte dias restantes para receber o seu salário de forma integral. Dessa forma, o dono da empresa pagaria o valor equivalente a dez dias trabalhados e receberia gratuitamente a riqueza produzida nos vinte dias restantes. Essa modalidade de “mais-valia” era reconhecida pelo pensamento econômico marxista como a “mais-valia absoluta”. Paralelo a esse tipo de exploração, ocorria a “mais-valia relativa”, instalada pelo processo de modernização tecnológico do ambiente fabril. Nesse caso, o trabalhador adequava o exercício de suas funções ao uso de um novo maquinário capaz de produzir mais riquezas em um período de tempo cada vez menor. Nesse caso, o trabalhador recebia o mesmo salário para desempenhar uma função análoga ou, em alguns casos, ainda mais simples. Graças à nova máquina ou técnica de produção utilizada, o dono da empresa necessitava de um número de dias ainda menor para cobrir o custo com o salário do trabalhador. Assim, ficava sendo necessários, por exemplo, apenas cinco dias trabalhados para que ele pudesse pagar pelo mesmo salário mensal que devia ao seu empregado. A exposição dessa teoria foi um dos meios pelos quais Karl Marx provou que as relações de trabalho no mundo capitalista tinham caráter exploratório. Dessa forma, ele condensava mais um argumento favorável à oposição de interesses existentes na relação entre burguesia e proletariado. Além disso, essa mesma tese serviu de base para que vários operários lutassem pela obtenção de melhores salários e condições mais dignas de trabalho.

Associação Internacional dos Trabalhadores

Em 28 de Setembro de 1864 teve lugar uma grande reunião pública internacional de operários no St. Martin's Hall de Londres; nela foi fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores (mais tarde conhecida como Primeira Internacional) e eleito um Comité provisório, que contava Karl Marx entre os seus membros. Marx foi depois eleito para a comissão designada a 5 de Outubro, na primeira sessão do Comité, para redigir os documentos programáticos da Associação. A 20 de Outubro a comissão encarregou Marx de rever o documento por ela preparado durante a doença de Marx e redigido no espírito das ideias de Mazzini e Owen. Em lugar desse documento, Marx escreveu de facto dois textos inteiramente novos — a "Mensagem Inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores" e os Estatutos Provisórios da Associação —, que foram aprovados na sessão da comissão de 27 de Outubro. Em 1 de Novembro de 1864 a Mensagem e os Estatutos foram ratificados por unanimidade pelo Comité provisório, que se constituiu em órgão dirigente da Associação. Este órgão, que entrou na história como Conselho Geral da Internacional, foi predominantemente denominado Conselho Central até finais de 1866. Karl Marx foi de facto o dirigente do Conselho Geral. Foi o seu verdadeiro organizador, o seu cnefe, o autor de numerosas mensagens, declarações, resoluções e outros documentos do Conselho. Na Mensagem Inaugural, primeiro documento programático, Marx conduz as massas operárias à ideia da necessidade de tomar o poder político, de fundar um Partido proletário independente e de assegurar a união fraterna entre os operários dos diferentes países. Publicada pela primeira vez em 1864, a Mensagem Inaugural foi muitas vezes reeditada ao longo de toda a história da Primeira Internacional, que deixou de existir em 1876. A Segunda Internacional (Internacional Operária e Socialista): nasceu em 1889 como sucessora da Primeira Internacional. Era uma associação livre de partidos socialdemocratas e trabalhistas, integrada tanto por elementos revolucionários quanto reformistas. Seu caráter progressista chegou ao fim em 1914, quando suas seções mais importantes violaram os princípios mais elementares do socialismo ao apoiar seus governos imperialistas na Primeira Guerra Mundial. Se desintegrou durante a guerra, porém ressurgiu como organização totalmente reformista em 1923. Segunda e meia Internacional é como foi chamada a união internacional de partidos socialistas constituída em Viena em fevereiro de 1921, por uma série de partidos (entre os quais os mencheviques russos) saídos temporariamente da II Internacional no período do ascenso revolucionário. Essa união era dirigida por F. Adler, O. Bauer, L. Martov e outros. O objetivo da segunda e meia Internacional era contrabalançar a influência cada vez maior da Internacional Comunista entre as massas operárias, que se haviam afastado da desprestigiada II Internacional. Em 1923 a Internacional segunda e meia voltou a unir-se à II Internacional. Do russo Коммунистичекий Интернационал (Kommunisticheskiy Internatsional) abreviação de Internacional Comunista ou III Internacional, reunião internacional dos Partidos Comunistas de diversos países, que funcionou de 1919 até 1943. A Internacional Comunista foi sucessora e continuadora da Primeira Internacional e herdeira das melhores tradições da Segunda Internacional. A fundação da Internacional Comunista significou a criação de um Estado Maior político-ideológico do movimento revolucionário do proletariado. Lênin foi o organizador e inspirador da Internacional Comunista, que defendeu o marxismo revolucionário frente às deformações oportunistas e revisionistas de direita e de "esquerda". A Internacional Comunista buscou a formação de quadros dirigentes dos Partidos Comunistas e a sua transformação em partidos revolucionários de massa, partidos de novo tipo. A Internacional Comunista foi dissolvida em 1943 como um gesto de conciliação de Stalin para com a Forças Aliadas (Estados Unidos, Inglaterra).